A hospitalização é uma situação que ocorre em qualquer idade e por diversas razões.
Apesar de denotar sentimentos negativos, constitui-se num apoio social de referência ao qual se pode recorrer frente a uma situação de doença que afeta a integridade do indivíduo.
A situação de internação representa um desafio à capacidade de adaptação provocando respostas diferentes em cada pessoa, de acordo com muitos fatores, entre eles:
· experiência anterior de hospitalização
· idade da pessoa
· sexo
· nível de escolaridade
· aspectos da personalidade
· capacidade de enfrentamento (coping)
· significado subjetivo da doença (sentimentos de perda, culpa, castigo, ganhos secundários)
· apoio da família
· situação de trabalho
· situação econômica
· status social
· recursos sociais
· instituição procurada e as condições da assistência
· confiança na equipe de saúde
· acolhimento e ambiente físico disponibilizado
· diagnóstico, tipo de doença (aguda ou crônica)
· prognóstico
· sequelas, limitações, incapacidades
· procedimentos invasivos
· tempo de internação
A resposta de um indivíduo à doença varia em função de estar sofrendo de uma enfermidade de curta duração (aguda), ou de longa evolução, tendo como agravante o tipo de tratamento a ser submetido: resolutivo, paliativo, mutilante, ou incapacitante.
O paciente hospitalizado por uma doença aguda pode apresentar diferentes reações estressantes quer precisam ser consideradas no curso de uma hospitalização:
- Ameaça básica à integridade narcísica: onipotência x impotência
- Ansiedade da separação: pessoas, objetos, ambiente estilo de vida
- Medo de estranhos: sua vida nas mãos de outros
- Culpa e medo de retaliação: doença como castigo
- Medo da perda de controle de funções : fala, esfíncter, andar
- Perda de amor e de aprovação: dependência, auto-desvalorização
- Medo da perda de partes ou dano de partes do corpo: mutilação
- Medo da morte e da dor.
Reações de ajustamento e de adaptação são subdividas de acordo com a duração e com os sintomas predominantes.
· Padrão de sintomas:
- Inicialmente preocupações excessivas (com a doença/corpo)
- Ansiedade (falta do diagnóstico, evolução do quadro)
- Posteriormente depressão (aceitação do quadro)
Geralmente os sintomas negativos são transitórios e melhoram com apoio psicológico e boa comunicação e principalmente, cessam com a recuperação clínica e a alta hospitalar.
Alguns pacientes persistem por mais tempo com episódios depressivos reativos e é necessário intervenção psicológica e ainda avaliação medicamentosa.
Os mecanismos de enfrentamento "coping" temos duas divisões:
1 - Pessoas que são orientadas para o problema:
- Buscam informações (médicos, amigos, familiares, auto-ajuda,etc.)
- Buscam reassumir o controle e se envolvem em sua recuperação
2- Pessoas orientadas para a emoção:
- Lidam com as emoções
- Tentam diminuir o impacto provocado pela situação utilizando mecanismos de defesa
- Apresentam mais desesperança, desamparo, depressão e dependência.
No atendimento psicológico busca-se focar:
- A reestruturação cognitiva trabalhando-se as crenças distorcidas que possui sobre a doença e a hospitalização
- Os recursos positivos para enfrentamento
- O reconhecimento do apoio social
- Tornar situações ameaçadoras mais seguras
- Abrir espaço e acolhimento para a expressão de sentimentos
- Facilitar as orientações e explicações sobre procedimentos e evolução clínica
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Reação à doença e à hospitalização
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2 comentários:
Um Blog sobre psicologia hospitalar!! UAU!! Adorei!!
Estou colocando um link do seu blog no meu ok?
Espero que não tenha problemas.
Beijos
Meu comentário cai diretamente sobre esta questão: "A reestruturação cognitiva trabalhando-se as crenças distorcidas que possui sobre a doença e a hospitalização."
Penso, que há uma complexidade maior acerca da diversidade cultural que não está sendo contemplada nesta questão, as diferentes concepções acerca do corpo, cura e doença estão sendo classificadas como ideias distorcidas. Essa relação não pode se dar de forma dualista, como prega o discurso biomédico, pois não preserva a relação de alteridade indispensável na compreensão do outro.
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