quarta-feira, 4 de junho de 2008

A experiência da Hospitalização

A experiência da hospitalização: relatos de pacientes cardíacos internados no atendimento psicológico


A experiência prática de atuação no hospital revela a importância do atendimento psicológico que possibilite ao paciente um espaço para expressar seus sentimentos, expectativas, apreensões, ansiedades, medos e fantasias. Através desses atendimentos é possível perceber a relação que o paciente faz com sua doença e com a situação de hospitalização. É mportante identificar através do relato de pacientes internados, como estes vivenciam a experiência de hospitalização e as relações que fazem com sua doença, bem como a percepção dos recursos e limitações no processo de adoecer.

No ano de 2001 durante o curso de especialização em Psicologia Hospitalar realizei uma pesquisa qualitativa com este tema em um hospital particular da região sul do Estado de São Paulo. Foram sujeitos desta pesquisa 05 pacientes internados com doenças coronarianas na clínica de unidade cardiológica do referido hospital. Estes pacientes estavam internados para intervenções cirúrgicas e com tempo de internação superior a 5 dias.

Foi utilizada a entrevista aberta não diretiva, iniciando-se apenas com uma questão sobre a temática permitindo que o campo fosse configurado pelo entrevistado. Os dados foram analisados qualitativamente. Como principais resultados destacam-se:

  • Os relatos espontâneos permitiram o aparecimento de conteúdos emocionais manifestos e atentes em cada paciente, ficando evidenciado que associavam a influência do meio, do estilo de vida e de seus comportamentos comprometendo ou colaborando com o desencadeamento ou evolução da patologia
  • A doença é sentida como conseqüência da sua forma de atuação no mundo evidenciando sentimentos de culpa
  • O fato de estar doente e necessitar de internação é vivenciado como algo perigoso que coloca em risco a vida e pode gerar sequelas invalidantes

Pode-se concluir que se faz necessário a intervenção terapêutica não limitada ao plano somático onde o profissional psicólogo tem uma atuação diferenciada, porém conjunta com os demais membros da equipe, favorecendo e identificando os aspectos manifestos e latentes presentes, promovendo uma melhor compreensão do paciente para uma intervenção que promova a breve recuperação da saúde.

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