quinta-feira, 5 de junho de 2008

Interdisciplinaridade no Hospital - A Entrevista Psicológica

A entrevista psicológica no hospital


A experiência prática nos atendimentos a pacientes internados evidencia a importância do atendimento psicológico que possibilite ao paciente um espaço para externalização de seus sentimentos, expectativas, apreensões, ansiedades, medos, fantasias, vivência da experiência, preocupações, perspectivas prognósticas, segundo seus próprios referenciais.

Através da entrevista psicológica é possível perceber a relação que a pessoa faz com sua doença e o significado que atribui à internação. Este fator é de fundamental importância para nortear o trabalho do psicólogo não somente junto ao paciente, mas também com a equipe de saúde num trabalho interdisciplinar, assim como, junto aos familiares que acompanham o paciente.

Além dessa possibilidade, cabe a entrevista, a função terapêutica à medida que esta propicia a verbalização, manifestação, reflexão e consequentemente melhor possibilidade de elaboração e adaptação à condição de “Ser” ou “Estar” doente.

Os dados colhidos na entrevista complementam o diagnóstico, já que permitem a exploração do contexto vivencial do sujeito, expressos em seus relatos sobre estilo de vida e comportamentos que comprometeram ou colaboraram com o desencadeamento, desenvolvimento ou evolução da doença. Percebe-se que de forma agravante ou intensificadora, os conflitos existenciais relatados e sua situação de vida real colaboraram com o quadro clínico apresentado, mostrando que a doença não faz parte somente do órgão comprometido, mas que afeta o indivíduo em toda sua extensão.

Através da entrevista percebem-se crenças irracionais na qual o hospital é descrito como um espaço onde se vive a angústia da incerteza, ou seja, um local que se pode morrer a qualquer momento ou onde se fica à beira da morte, confrontando com o espaço terapêutico cuja função é atribuída e para o qual foi constituído.

Na maioria das vezes, estar doente e necessitar de internação, é vivenciado como algo perigoso, ameaçador, fora de seu controle, neste espaço é o outro que vai decidir e agir sobre sua vida, ficando à mercê do outro a seqüência de seu destino.

Percebe-se ainda que os sentimentos de perda advindos da situação de internação e da doença, ultrapassam as conseqüências físicas e biológicas decorrentes dos quadros clínicos apresentados e incorporam na realidade sentimentos e sensações com significados individualizados, intensificados pela subjetividade de cada um.

Desta forma, considerando que o objetivo principal do profissional da área da saúde é a busca do restabelecimento da saúde do paciente, incluindo neste contexto uma melhor qualidade de vida e de reintegração física, psicológica e social, deve-se buscar no contexto hospitalar, formas de atuação interdisciplinar, que favoreçam recursos ao paciente para o enfrentamento da situação e da doença, fazendo com este se torne um agente de sua própria saúde, incluindo-se um acolhimento humanizado que o mobilize para a cura.

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