quinta-feira, 26 de junho de 2008

A Hospitalização

A hospitalização

Assim como cada pessoa como tem uma fisionomia diferente, esta também possui uma forma de viver, conviver, agir e reagir numa configuração única, e um funcionamento e modo de adoecer também próprio.

Na maioria dos casos, qualquer doença que exige cuidados médicos altera de alguma forma, a atuação interpessoal e social do indivíduo.

Isso tem relação direta com o significado que a doença tem para o paciente, do valor e da cultura que a família concebe para o “papel de doente”, e ainda seu comportamento será influenciado pelas respostas que recebe durante sua internação.

O doente internado está impedido de trabalhar, de se divertir, é tirado do convívio familiar e dos amigos e se sente isolado no hospital.

Vai vivenciar sua dor e sofrimento do seu jeito, com sua subjetividade e, por mais que os outros se esforcem para compreende-lo, ninguém sentirá o que ele sente, pois a experiência de estar doente é sentida de uma forma sempre única.

Em seu pensamento existe uma crença de que se o doente tem que ficar internado é porque seu estado de saúde é grave ou permanece insolúvel e todos estes fatores contribuem para acentuar sua vulnerabilidade e aumentar sua insegurança e suas reações de estresse

A hospitalização é vista como uma situação extremamente disruptiva e é natural que o paciente sinta medo e ansiedade.

Muitas vezes, estes sentimentos estão relacionados com o fato do indivíduo estar colocado num papel dependente e passivo.

Vê sua vida nas mãos de outros, que decidem e opinam sobre procedimentos, exames e hipóteses muitas vezes comentadas em linguagem técnica que não entendem e mais ainda o confunde.

Para vincular o paciente a um enfrentamento e se mobilizar para sua cura, existem dois fatores a serem considerados: o primeiro é a existência de um método de tratamento, e nisto se inclui a utilização dos avanços tecnológicos, a experiência, a especialização médica e a utilização dos mais variados tipos de medicamentos (química, hormonal, biogenética, etc.).

O segundo é a adesão ao tratamento da pessoa doente e de sua capacidade de reagir e enfrentar adequadamente à situação e à doença.

A doença e a situação de hospitalização provoca modificações e exigem adaptação do paciente, alterando sua maneira de ser.

Alguns passam de otimistas a pessimistas e vice-versa, outros perdem o sentido de realismo com que sempre viveram, e esses fatores podem levá-los a sérios desajustamentos.

A recuperação do doente, sua posterior reintegração segura no seio social e sua reeducação para os cuidados com sua saúde em termos preventivos, representam os fins pelos quais todos os profissionais da saúde devem lutar.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Doenças do coração Fatores de Risco Personalidade

Doenças do coração Fatores de Risco Personalidade

Nos estudos sobre a incidência das doenças cardiacas na população em geral, há evidências de que fatores de risco crescem de importância nas pessoas em que o fator genético é evidente e mesmo em pessoas que não têm essa história genética, esses fatores podem predispor os indivíduos a complicações igualmente nocivas.

Avaliando-se como as pessoas se adaptam ao meio, na relação social, familiar e profissional, podemos relacionar como isto é processado individualmente no sentido da qualidade de vida a que o sujeito se submete ou se organiza.
Percebemos que pessoas portadoras de alguns traços de personalidade, normalmente de natureza ansiosa, são propensas a problemas coronarianos mais do que pessoas que não têm esses traços.

Alguns autores baseados em testes psicológicos, procuraram identificar características de personalidade que predisporiam alguns indivíduos a apresentarem doenças cardiovasculares mais do que outros.

Destes estudos originaram a denominação de personalidade Tipo A e Tipo B, reconhecendo-se dois distintos padrões de comportamento.

Os integrantes do grupo A são indivíduos extremamente competitivos, sempre plenos de tarefas a cumprir e com falta de tempo, sacrificam férias e descanso e quando o fazem não conseguem se desligar do serviço totalmente, apresentam comportamentos que denotam pressa, impaciência, hostilidade e uma sensação de uma pessoa que orientou seus esforços a uma luta que foi infeliz.

As pessoas do grupo B, ao contrário, são tranqüilas, lentas, raramente se comprometendo com prazos rígidos; evitam assumir múltiplas tarefas simultâneas e encargos extras, não só gostando de descansar, como sabem fazê-lo.

No atendimento terapêutico com as pessoas classificadas nos padrões de Personalidade Tipo A o que se percebe em seu estilo de vida é uma tendência à ansiedade exagerada, onde a competitividade, por exemplo, que é um traço marcante nesta classificação, é estimulado pela necessidade de sucesso social e profissional e são comumente caracterizados pelo clínico como estressados.

Já os indivíduos denominados como Tipo B, têm como estilo de vida uma relação oposta, ou seja, a competitividade não é traço marcante ou prioritário, não são agressivos, dificilmente se estressam emocionalmente, fazem uma coisa de cada vez, são metódicos e mais tranquilos e aproveitam mais seu tempo livre, conseguindo se desligar do estresse diário.

A escala de pontos de avaliação de risco cardiovascular classifica o paciente segundo seis graus: B1, B2, AB, A3, A2 e A1, com risco cardiovascular aumentando em proporção direta.

Esta avaliação é baseada em uma escala de 20 questões bipolares, ou seja, de características contrastantes (por exemplo: você ouve bem e deixa os outros acabarem de falar versus você antecipa os outros na conversa, interrompe e acaba as frases para os outros).

Mostra-se importante reconhecer as relações entre estilo de vida, estresse e demais fatores de risco envolvidos na manifestação, na evolução e na manutenção da doença cardíaca, pois uma combinação dos fatores acentuam e intensificam o risco de problema cardíaco comprometendo a qualidade de vida dos sujeitos.

Psicologia e Saúde

Psicologia e Saúde

O principal objetivo da atuação psicológica na saúde é investigar as variáveis envolvidas nos diferentes níveis de atenção à saúde.

Considera-se neste enfoque tanto a saúde física quanto mental da pessoa durante seu ciclo vital
Busca identificar os mecanismos de interação entre mediadores psicológicos e o processo de adoecimento

Identificar e avaliar as respostas de ansiedade, medo, dor, adesão ao tratamento, estresse, qualidade de vida, enfrentamento, reabilitação.

Visa ainda estudar os aspectos interativos e relacionais, abrangendo fatores pessoais, grupais e institucionais no contexto da assistência à saúde.

Desenvolve e investiga a eficácia e adequação de procedimentos psicológicos para intervenção nos diferentes níveis de assistência à saúde e ao doente hospitalizado.

Busca ainda desenvolver pesquisas para avaliação e estudo do processo saúde-doença.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Doença cardiaca e qualidade de vida

Qualidade de vida e doença cardíaca

Atualmente existe uma crescente preocupação sobre qualidade de vida do ser humano e diversos estudos buscam investigar quais seriam os fatores colaboradores e desencadeadores do processo que ocasiona um desequilíbrio no organismo.

Os profissionais da equipe interdisciplinar no contexto hospitalar estão envolvidos com essa questão e cada um em sua especificidade percebe a importância da compreensão bio-psicossocial do indivíduo acometido pela doença.

Nas últimas décadas cardiologistas e clínicos gerais começaram a refletir sobre o significado do adoecer do coração e perceberam que de acordo com o comportamento e estilo de vida de cada indivíduo, pacientes com o mesmo histórico clínico reagiam diferentemente à doença e à hospitalização, o que despertou a investigação do tipo de personalidade e sua correlação com seu quadro clínico.

A interconsulta pela sua importância e pelo enriquecimento na compreensão do paciente e da doença, deveria ser uma regra entre os profissionais envolvidos no contexto hospitalar para uma intervenção mais eficaz e duradoura no tratamento dos enfermos cardiovasculares.

O psicólogo no setor de cardiologia na atuação com este paciente deve considerar os aspectos psíquicos e sociais oferecendo alternativas que possibilitem ao paciente expressar livremente seus conteúdos.

Entre esses conteúdos relacionam-se problemas familiares e/ou financeiros, competitividade exagerada, controle rígido dos que o rodeiam e de si próprio, estresse, angústias, sentimentos de incapacidade e impotência, ansiedades, baixa assertividade, contenção das emoções, etc.

Deve-se lembrar que simbolicamente em nossa cultura o coração é o órgão que representa energia e tem sido identificado como o centro das emoções. Percebemos ainda que estas emoções são experimentadas psicológica e fisiologicamente, necessitando o indivíduo ser visto e atendido como um todo.

O indivíduo com boa qualidade de vida têm que apresentar satisfação nos quadrantes fundamentais que se refere: a vida social, a saúde, a profissão e a área afetiva.

Cada indivíduo possui uma configuração de personalidade única e não podemos ignorar que fatores hereditários e constitutivos desempenham uma papel importante no desenvolvimento e manutenção de uma doença.

Numa visão interdisciplinar, inclui-se o psicólogo com seus instrumentos e estratégias para colaborar na investigação da personalidade do sujeito e na correlação desta com o quadro clínico do paciente

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Psicologia Cardiologia Psicossomática

PSICOLOGIA E CARDIOPATIA

Parte 2


Desde que nascemos, sofremos continuamente a ação do meio com o qual mantemos um equilíbrio dinâmico e na maioria das vezes instável.

Graças a complexos mecanismos de adaptação ( físicos e psíquicos ), procuramos compensar as condições desfavoráveis. Contudo, em certas condições, a própria tentativa de adaptação pode transformar-se numa condição anormal comprometendo nossa qualidade de vida.

A combinação de fatores de risco é um fato cada vez mais comprovado como integrante no surgimento ou na manutenção das doenças cardíacas e nem sempre isso é fácil de ser mensurado, pois os métodos de investigação são imprecisos, principalmente quando falamos em fatores psicossociais e culturais.

Algumas das funções do psicólogo na atuação no hospital como membro de uma equipe interdisciplinar inclui o trabalho junto ao paciente, junto à família e junto à equipe enquanto agente da saúde, dispondo de instrumentos e técnicas que podem vir a ser de extrema utilidade no diagnóstico e nas propostas de tratamento a serem feitas ao paciente.

Entre estas estratégias, destaca-se as técnicas projetivas que servem como auxiliadoras na melhor elucidação de hipóteses diagnosticas ou para propor outras hipóteses.

Existem peculiaridades a serem consideradas na compreensão das doenças e especialmente no paciente cardíaco como a expressão simbólica do órgão depositário das emoções, no mito e na mística que envolve o órgão atingido e suas penetrações a nível emocional consciente e inconsciente.

A evolução da concepção psicossomática e o reconhecimento do indivíduo como resultante dos fatores biopsicossociais reafirma o psicólogo como mais um profissional envolvido na busca da compreensão das doenças, permitindo uma abordagem mais humanizada do paciente propiciando sua atuação no trabalho curativo e preventivo aumentando as possibilidades e a qualidade nos atendimentos oferecidos aos pacientes.

Psicologia e Cardiologia

PSICOLOGIA E CARDIOPATIA

Parte 1

Considerando a concepção psicossomática das doenças, compreende-se o adoecer como um processo que tem em sua origem ou repercussões a presença de fatores emocionais.

Neste contexto, o estudo do paciente cardíaco tem mobilizado a atenção de vários profissionais da área da saúde e em especial do psicólogo inserido no contexto do hospital.

Confirma-se a importância da participação do psicólogo na interconsulta no trabalho do hospital geral, para uma compreensão mais abrangente do paciente e do seu quadro sintomatológico, fazendo parte de um modelo de cuidado de atenção integral ao doente dispondo de técnicas específicas que contribuem tanto para uma compreensão diferencial do adoecimento quanto para o fortalecimento dos aspectos envolvidos na sua recuperação.

Uma doença pode assumir significado completamente diferente, dependendo do momento que o paciente estiver vivendo. Muitas doenças se assemelham, com sintomas e características específicas que denotam o adoecimento, mas é importante perceber que o "estar doente" para a pessoa acometida, nunca é exatamente igual, desta forma, fazer uma compreensão da doença e de como esta invade a existência da pessoa é uma tarefa imprescindível para o enfrentamento.

Entre os fatores relevantes, deve se perceber que possíveis relações emocionais podem estar associadas à doença cardíaca e que, além das interações destes sistemas, deve-se reconhecer na história clínica, as três dimensões do espaço diagnóstico: o paciente, a doença e as circunstâncias.

Numa avaliação diagnóstica das doenças cardíacas, o primeiro fator a ser considerado é o genético, que garante não só a trajetória de vida, como também a predisposição para as diferentes condições mórbidas.

Outros aspectos se fazem presentes e compreendem os fatores de risco das doenças cardiovasculares, os quais crescem de importância nas pessoas em que os fatores genéticos é evidente e/ou predispõe indivíduos, que mesmo não apresentando histórico genético da doença, se vêem em complicações igualmente nocivas.

Entre esses fatores de risco, os principais são: hipertensão arterial, dislipidemia (colesterol alto), diabetes mellitus, obesidade, tabagismo, sedentarismo, hereditariedade e fatores psicológicos associados.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Burnout no Hospital

Síndrome de Burnout

O trabalho dos profissionais da saúde em hospitais requer uma sólida experiência clínica e maturidade para enfrentar e tomar decisões difíceis, pois atuam em situações de estresse que envolve ainda implicações éticas e morais.

Entre os estressores ocupacionais que afetam diretamente seu desempenho e bem estar temos:

· trabalho em instituições públicas com alta demanda de pacientes
· falta de recursos técnicos, ambientais e de pessoal de apoio
· longas jornadas de trabalho
· falta de segurança com exposição a riscos físicos e de contágios
· falta de reconhecimento profissional
· contato constante com a dor, sofrimento e muitas vezes com a morte
· falta de treinamento e preparo durante a graduação

O tipo de trabalho e a responsabilidade do cargo envolvem uma série de atividades que necessitam de controle mental e emocional muito maior do que em outras profissões

Os profissionais da saúde se deparam com pacientes em estado grave onde o fator tempo, capacidade de decisão e uso de técnicas de procedimentos são fundamentais para o sucesso e sobrevida. Além disso, não é somente o paciente que adentra no hospital, os acompanhantes e familiares se apresentam com as angústias do sofrimento e as incertezas, principalmente o medo da morte.

Dessa forma, os estressores ocupacionais, quando persistentes, podem levar à Síndrome de Burnout como uma resposta emocional a situações de estresse crônico em função de relações intensas em situações de trabalho com outras pessoas.

A Síndrome de Burnout é entendida como um processo constituído por três dimensões: Exaustão Emocional, Despersonalização e Baixa Realização Profissional

A Exaustão Emocional é caracterizada pela falta ou carência de energia, entusiasmo e por sentimento de esgotamento de recursos. Os profissionais acreditam que já não têm condições de despender mais energia para o atendimento de seu paciente ou das demais pessoas como tinham antes.

A Despersonalização provoca a insensibilidade emocional e faz com que o profissional passe a tratar os pacientes, os colegas e a organização como objetos.

A Baixa Realização Profissional revela-se por uma tendência do profissional em se auto-avaliar negativamente. Sentindo-se infeliz e insatisfeito com seu desenvolvimento profissional.

Estes fatores podem levar ao comprometimento do serviço prestado com a diminuição da qualidade do cuidado oferecido afetando diretamente o paciente, sua recuperação, bem como os esforços da equipe e a organização do trabalho interdisciplinar.

Destacadamente no contexto hospitalar, mostra-se necessário a identificação dos fatores estressante no ambiente de trabalho, bem como a promoção de ações preventivas para a minimização das condições aversivas que prejudiquem o desenvolvimento humano, assistencial e profissional.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Interdisciplinaridade no Hospital - A Entrevista Psicológica

A entrevista psicológica no hospital


A experiência prática nos atendimentos a pacientes internados evidencia a importância do atendimento psicológico que possibilite ao paciente um espaço para externalização de seus sentimentos, expectativas, apreensões, ansiedades, medos, fantasias, vivência da experiência, preocupações, perspectivas prognósticas, segundo seus próprios referenciais.

Através da entrevista psicológica é possível perceber a relação que a pessoa faz com sua doença e o significado que atribui à internação. Este fator é de fundamental importância para nortear o trabalho do psicólogo não somente junto ao paciente, mas também com a equipe de saúde num trabalho interdisciplinar, assim como, junto aos familiares que acompanham o paciente.

Além dessa possibilidade, cabe a entrevista, a função terapêutica à medida que esta propicia a verbalização, manifestação, reflexão e consequentemente melhor possibilidade de elaboração e adaptação à condição de “Ser” ou “Estar” doente.

Os dados colhidos na entrevista complementam o diagnóstico, já que permitem a exploração do contexto vivencial do sujeito, expressos em seus relatos sobre estilo de vida e comportamentos que comprometeram ou colaboraram com o desencadeamento, desenvolvimento ou evolução da doença. Percebe-se que de forma agravante ou intensificadora, os conflitos existenciais relatados e sua situação de vida real colaboraram com o quadro clínico apresentado, mostrando que a doença não faz parte somente do órgão comprometido, mas que afeta o indivíduo em toda sua extensão.

Através da entrevista percebem-se crenças irracionais na qual o hospital é descrito como um espaço onde se vive a angústia da incerteza, ou seja, um local que se pode morrer a qualquer momento ou onde se fica à beira da morte, confrontando com o espaço terapêutico cuja função é atribuída e para o qual foi constituído.

Na maioria das vezes, estar doente e necessitar de internação, é vivenciado como algo perigoso, ameaçador, fora de seu controle, neste espaço é o outro que vai decidir e agir sobre sua vida, ficando à mercê do outro a seqüência de seu destino.

Percebe-se ainda que os sentimentos de perda advindos da situação de internação e da doença, ultrapassam as conseqüências físicas e biológicas decorrentes dos quadros clínicos apresentados e incorporam na realidade sentimentos e sensações com significados individualizados, intensificados pela subjetividade de cada um.

Desta forma, considerando que o objetivo principal do profissional da área da saúde é a busca do restabelecimento da saúde do paciente, incluindo neste contexto uma melhor qualidade de vida e de reintegração física, psicológica e social, deve-se buscar no contexto hospitalar, formas de atuação interdisciplinar, que favoreçam recursos ao paciente para o enfrentamento da situação e da doença, fazendo com este se torne um agente de sua própria saúde, incluindo-se um acolhimento humanizado que o mobilize para a cura.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

A experiência da Hospitalização

A experiência da hospitalização: relatos de pacientes cardíacos internados no atendimento psicológico


A experiência prática de atuação no hospital revela a importância do atendimento psicológico que possibilite ao paciente um espaço para expressar seus sentimentos, expectativas, apreensões, ansiedades, medos e fantasias. Através desses atendimentos é possível perceber a relação que o paciente faz com sua doença e com a situação de hospitalização. É mportante identificar através do relato de pacientes internados, como estes vivenciam a experiência de hospitalização e as relações que fazem com sua doença, bem como a percepção dos recursos e limitações no processo de adoecer.

No ano de 2001 durante o curso de especialização em Psicologia Hospitalar realizei uma pesquisa qualitativa com este tema em um hospital particular da região sul do Estado de São Paulo. Foram sujeitos desta pesquisa 05 pacientes internados com doenças coronarianas na clínica de unidade cardiológica do referido hospital. Estes pacientes estavam internados para intervenções cirúrgicas e com tempo de internação superior a 5 dias.

Foi utilizada a entrevista aberta não diretiva, iniciando-se apenas com uma questão sobre a temática permitindo que o campo fosse configurado pelo entrevistado. Os dados foram analisados qualitativamente. Como principais resultados destacam-se:

  • Os relatos espontâneos permitiram o aparecimento de conteúdos emocionais manifestos e atentes em cada paciente, ficando evidenciado que associavam a influência do meio, do estilo de vida e de seus comportamentos comprometendo ou colaborando com o desencadeamento ou evolução da patologia
  • A doença é sentida como conseqüência da sua forma de atuação no mundo evidenciando sentimentos de culpa
  • O fato de estar doente e necessitar de internação é vivenciado como algo perigoso que coloca em risco a vida e pode gerar sequelas invalidantes

Pode-se concluir que se faz necessário a intervenção terapêutica não limitada ao plano somático onde o profissional psicólogo tem uma atuação diferenciada, porém conjunta com os demais membros da equipe, favorecendo e identificando os aspectos manifestos e latentes presentes, promovendo uma melhor compreensão do paciente para uma intervenção que promova a breve recuperação da saúde.